OS MANDAMENTOS DE UM MÉDIUM UMBANDISTA
Por Rubens Saraceni
Publicado no Jornal de Umbanda Sagrada | Ed. 155 | Abril/2013
( 01 )
Amar a Olorum, aos Orixás e à Umbanda
acima de todas as coisas e das outras religiões.
( 02 )
Vestir a roupa branca e incorporar seus Guias só no seu Centro.
( 03 )
Não ficar visitando outros Centros em vão, ou seja, só por curiosidade.
( 04 )
Se visitar um Centro, entrar em silêncio, assistir aos trabalhos,
tomar o passe e sair em silêncio.
( 05 )
Não comentar ou criticar as práticas alheias, sejam elas do seu agrado ou não,
concorde com elas ou não, porque elas não são as suas e, sim, deles.
( 06 )
Não fazer comentários desairosos sobre os cultos e trabalhos
realizados em outros Centros de Umbanda.
( 07 )
Não copiar fundamentos alheios e manter-se fiel aos da Umbanda.
( 08 )
Não profanar o que é sagrado e não sacralizar o que é profano.
( 09 )
Cuidar da sua mediunidade e deixar a dos seus irmãos de fé,
que os Pais ou Mães Espirituais e os Guias deles cuidarão.
( 10 )
Não emitir opiniões sobre o assunto religioso que não conhece em profundidade
ou sobre o qual sequer conhece.
( 11 )
Não imitar e não invejar os trabalhos e as forças espirituais dos seus irmãos de fé.
( 12 )
Se, por alguma razão, não se sentir satisfeito no centro que está frequentando, peça licença para se afastar dos trabalhos, mas guarde só para você as razões do seu afastamento.
( 13 )
Se saiu do Centro que frequentava, não fique criticando-o ou ao seu dirigente porque, por certo tempo, tanto o Centro quanto o seu dirigente lhe foram úteis e o ampararam.
( 14 )
Não faça comentários sobre os trabalhos realizados no seu Centro, para pessoas que não o conhecem ou não participam do dia a dia dele e do que nele é realizado.
( 15 )
Não fique procurando ou pondo defeitos em seus irmãos de fé, e sim, procure os seus próprios defeitos e tente se livrar deles antes que descubram que não és o "ser perfeito" que aparentas ser.
( 16)
Lembre-se disso: todos possuem defeitos e imperfeições, mas cada um só deve cuidar dos seus.
( 17 )
Trabalhe a favor e em benefício do crescimento do seu Centro e dos seus irmãos de corrente, que toda a corrente trabalhará em seu benefício e das suas forças espirituais.
( 18 )
Cada Centro tem os seus fundamentos e os do seu não são melhores ou mais poderosos que os dos outros. Apenas são diferentes.
( 19 )
Faça a caridade, seja ela espiritual ou material, sem esperar nenhum tipo de recompensa, pois fazê-la esperando algo em troca não é caridade e, sim, troca de benefícios.
( 20 )
Se o ato de auxiliar alguém caritativamente com o seu dom mediúnico e com a força dos seus Guias e dos seus Orixás não lhe for gratificante ou recompensador, pare enquanto é tempo, porque, de insatisfeitos e de exploradores do próximo, o inferno está cheio.
( 21 )
Não fazer "Feitura de Santo" no Candomblé e continuar a falar em nome da Umbanda e se apresentar como umbandista.
( 22 )
( Que outros irmãos de fé acrescentem aqui outras regras que acharem necessárias ao aperfeiçoamento doutrinário dos médiuns umbandistas)...
SUGESTÕES DE CONTINUIDADE POR ALEXANDRE CUMINO
( 23 )
Colabore materialmente com seu Centro (Terreiro/ Tenda/ Núcleo), não é responsabilidade do sacerdote custear todas as despesas de um trabalho que é coletivo. Procure saber como colaborar nas despesas, seja para dividi-las ou para pagar uma mensalidade/doação estipulada pelo dirigente. A manutenção material é tão importante quanto a espiritual, é sagrada e deve ser uma prioridade.
( 24 )
Ao chegar no Centro, desligue seu celular, procure deixar seus problemas de fora, evite conversas sobre o trânsito, política, futebol, dificuldades domésticas ou profissionais. Procure não se entregar a distrações, você está em ambiente sagrado, esteja consciente de si e do sagrado, sinta e perceba quais são seus sentimentos, pensamentos, palavras e ações neste Templo da religião.
( 25 )
Não chegue atrasado aos trabalhos, procure chegar mais cedo, informe-se o quanto antes deve chegar. Ao chegar no Centro seja útil, procure saber se precisam de você para a limpeza ou a manutenção e a organização do espaço e do trabalho que vai se realizar. Caso não tenha mais nada para fazer, procure silenciar, meditar ou rezar, preparando-se para os trabalhos que, provavelmente, já começaram no astral. Espere o trabalho/gira/sessão se encerrar completamente antes de se retirar do Templo, procure saber se ainda precisam de ajuda antes de ir embora.
( 26 )
Fale baixo (outros podem estar rezando) e movimente-se com calma e cuidado. Seja sempre cordial, tranquilo, respeitador, atencioso e bem disposto durante os trabalhos de Umbanda. Não grite, não corra, não se manifeste com agitação ou nervosismo, independente do que esteja acontecendo. Lembre-se, o estado emocional e a atitude dos médiuns influencia diretamente o comportamento da consulência.
( 27 )
Não use o Centro/Terreiro para paquerar, flertar ou causar frissons. Os trabalhos de Umbanda não podem ter como objetivo encontros afetivos. O foco das reuniões de Umbanda deve ser sempre religioso, espiritual e de autoconhecimento. Evite chamar a atenção por meio da vaidade ou do ego. Caso comece a se relacionar afetivamente com outro médium, avise ao seu sacerdote, pois ele é responsável pelo que acontece dentro deste ambiente.
( 28 )
Cuide de sua higiene, procure estar sempre com a sua roupa branca de Terreiro limpa. Esteja sempre atento ao odor dos pés (pois terás que tirar os calçados), verifique o hálito e use desodorante sem perfume, pois nada é mais desagradável que tomar consulta com uma entidade e ter que sentir: "chulé", mau hálito, "cc" vencido, perfume forte e outros odores desagradáveis.
( 29 )
Cuide de sua alimentação. Nos dias de trabalho, evite comer carnes ou alimentos de difícil digestão, abstenha-se de bebidas alcoólicas e relação sexual.
( 30 )
Mantenha sempre acesa a sua vela para o Anjo da Guarda e, quando necessário, firme a sua direita e a sua esquerda, tome seus banhos de ervas e faça defumação. Aprenda como se limpar e descarregar de energias negativas, não deixe tudo por conta de seus Guias ou de seu sacerdote. Não seja mais um dependente e não faça do trabalho espiritual uma muleta, aprenda e conheça os fundamentos de sua religião.
( 31 )
Trate com respeito e humildade todos os Guias que trabalham no Centro e não apenas os Guias do seu sacerdote.
( 32 )
Não ocupe o tempo de seu sacerdote com assuntos desnecessários, frivolidades ou banalidades. Provavelmente, outros irmãos também querem a atenção do dirigente espiritual.
( 33 )
Procure entender que todo Centro/Terreiro tem regras, escritas ou não, que devem ser seguidas à risca, tanto por médiuns, quanto por seus Guias. Procure conhecer estas regras.
( 34 )
Lembre-se, podemos comparar o Centro a uma família em que, aos poucos, vamos conhecendo as dificuldades de cada um e aprendendo a conviver com elas. Também podemos comparar a uma orquestra, em que o sacerdote é o maestro e que cada médium deve seguir a sua partitura, fazer o seu papel, com consciência de que cada um é uma parte do todo e, se cada um fizer sua parte, o todo estará, sempre, em harmonia.
Em tempo - Peço vênia para estender o parágrafo anterior, ou melhor, para realçar a sua importância. É dever de todos os médiuns manter um tratamento recíproco de cordialidade e respeito, pois todos necessitam ter a ciência de que ao achincalhar ou fazer comentários maldosos a outrem, estará abrindo o seu campo mental às entidades nefastas que prejudicarão o seu trabalho e, por conseguinte, de todo o grupo.
Ainda nesse sentido, todos nós, médiuns, devemos nos recordar de que Deus não nos reuniu em um mesmo local por acaso, haja vista não haver meras coincidências nos planos de Deus, que é um ser perfeito. Se todos estamos juntos, significa que já fomos companheiros em outras vivências e, aquele que hoje você acha que é um idiota ou burro, pode ter sido um amigo ou familiar teu muito próximo em uma encarnação passada – e, então, imagine como você se sentirá ao chegar no plano astral e tomar a consciência de que, nesta vida, você caçoou, se afastou ou denegriu a imagem daquele que, outrora, foi um amigo/familiar teu muito leal, querido, amado por ti? Lembrem-se: o inferno não é um lugar em especial, e sim, o estado da nossa consciência pesada quando despertada para todos os fatos reais de nossas encarnações.
Por isso, é dever de todos os frequentadores da Casa religiosa estar disponível para ajudar os outros, no sentido de se oferecer para amparar as pessoas e não ficar aguardando, em seu falso pedestal, que seja requisitado. Se somos tão agéis para apontar os defeitos dos outros, se não ficamos esperando que essas pessoas nos deem o seu aval para falar mal delas em grupinhos, porque achamos que só devemos ajudar quando alguém nos pede diretamente? Por mais cansado que o médium esteja ao adentrar o Templo (e todos já estamos pra lá de fatigados, pois geralmente as sessões realizam-se à noite, após um dia inteiro de muito trabalho e preocupações), todo médium necessita deixar de lado toda preguiça e mau humor, saindo de um posicionamento de inércia, entrar em estado de atenção constante para estar sempre preparado a ajudar, a estender a mão, a proferir conselhos positivos, a ensinar os outros irmãos naquilo que ainda não entendem, a defender o seu Centro e a sua Mãe de Santo.
Irmãos, ninguém é perfeito entre nós, quantas vezes nós já sofremos a dor da injustiça, da ingratidão? Então, vamos aprender com isso e não fazer o outro sofrer com as mesmas maldades que já nos fizeram sofrer, pois sabemos que dói demais isso. Não vamos fazer panelinhas, não vamos excluir, vamos aprender a incluir!
É chegada a hora de quebrar todos os preconceitos em nossos Terreiros, não só os referentes à homofobia e de raça, temos que quebrar o preconceito da superioridade e prepotência que faz com que nos afastemos do convívio de pessoas a quem denominamos “carregadas”, “idiotas”, “sem noção”...
Por favor, parem por um minuto e reflitam bem como é que Deus, Oxalá, Mãe Maria, os Orixás e Falangeiros desejam que seja o nosso comportamento nesta vida: se atrelado a PRECONCEITOS ou se regado a respeito, a humildade, a fraternidade... Todos sabemos a resposta, mas o que é difícil é admitirmos que, talvez, nós mesmos estejamos sendo preconceituosos.
O bom é que toda hora é oportuna para fazermos uma reforma íntima, varrendo da nossa vida os vícios, os preconceitos e as tristezas para que haja espaço para que as bênçãos de Oxalá possam se instalar em nossa jornada e também na de nossa amada família. Vivamos bem para que a vida possa nos trazer o bem. Axé!